July 22, 2013

A intolerância religiosa que tem "espaço nobre"

O Diário de Notícias continua a fazer um serviço aos histéricos religiosos Portugueses, publicando sem qualquer crítica opiniões de bispos e de patriarcas, mesmo quando estas têm teores verdadeiramente ofensivos e contraproducentes.

Esta segunda, mais uma vez, a secção de opinião do Sr. César das Neves serve para alimentar o que de mais bárbaro há em Portugal daqueles que dizem falar por deus, que é consumido não só a plebe que depois copia estas opiniões ad nauseum na blogoesfera, mas, e pior na minha opinião, chega a pessoas que podem levar a sério este tipo de linguagem.

De César das Neves no DN de 22/07/2013
“Foi no Verão de 2006 que começou a demolição das leis básicas da identidade nacional que trouxeram Portugal de uma posição mundial equilibrada ao extremo desmiolado na regulamentação familiar. A primeira foi a Lei 32/2006 de 26 de Julho da reprodução artificial. Seguiu-se a liberalização e subsidiação do aborto (Lei 16/2007 de 17/4 e Portaria 741-A/2007 de 21/6), banalização do divórcio (Lei 61/2008 de 31/10), educação sexual laxista (Lei 60/2009 de 6/8), casamento entre pessoas do mesmo sexo (Lei 9/2010 de 31/5), mudança do sexo (Lei n.º 7/2011 de 15/3), entre outras (…) Deste modo irresponsável, o país alinhou em poucos anos as suas leis básicas por caprichos de fanáticos, ultrapassando a toda a velocidade os países civilizados, alguns dos quais já em sentido inverso. Portugal tornou-se um paraíso mundial de comportamentos desviantes e perversos. Não admira o colapso do casamento, ausência de fertilidade, envelhecimento galopante, multiplicação de patologias sociais. Em 2011 os casamentos foram só mais 34% que os divórcios e houve menos 6000 nascimentos que óbitos. A geração anterior desequilibrou as finanças em quinze anos; esta desequilibrou-se a si mesma em sete.”(…) Nos sete anos desde o Verão de 2006 Portugal enveredou por caminhos anarquistas nos campos financeiro e familiar. São já bem claros os efeitos dessas opções, mas ainda não se vê o fim do caminho que, pelo menos no segundo, deve demorar mais de sete anos. Resta-nos o consolo de o futuro vir a aprender com os nossos horrores.”



De um modo irresponsável o Sr. Neves apela ao obscurantismo dos tempos onde “antes é que era bom”, quiçá, saudades do Salazarismo, onde não havia estes “caprichiosos e fanáticos”, com estas ideias “caprichosas e fanáticas” de fazer uma sociedade moderna, tolerante e inclusiva.

O Sr. Neves é muito bom a apresentar estatísticas sobre divórcios e óbitos, mas esqueceu-se de que as leis que refere no artigo, algumas foram referendadas, outras têm uma aprovação pela maioria de pessoas questionadas em sondagens, outras faziam parte de programas políticos que tiveram a votação mais alta. Portanto, a ideia que são “fanáticos” que fazem passar estas leis é ofensiva e de uma irresponsabilidade atroz.

E depois o “acto de ilusionismo” de ligar duas coisas que não tem qualquer prova que se associem directamente, neste caso leis sobre liberdades sexuais ou parentais, são agora responsáveis (e imaginem, o Sr. Neves até sabe qual foi a janela temporal e tudo) em “sete anos” de enveredar por “caminhos anarquistas no campo financeiro.”

Irresponsável. Demagogo. Obscurantista. Fanático. O Sr. Neves é um mau agente social, que espalha histeria e intolerância.

Que tenha “tempo de antena” é uma decisão que assiste ao DN, mas pelo menos devia haver a seriedade e “serviço público” de uma opinião que mostrasse que nada disto é real, e apenas passa na cabeça destes saudosistas e teocratas.