Milagres, precisam-se... desesperadamente
"A beatificação de João Paulo II, este domingo, é o penúltimo passo no processo para o reconhecimento de um católico como santo, mas para a canonização exige-se a confirmação de um novo milagre.
O reconhecimento como milagre da cura de uma religiosa francesa, Marie Simon-Pierre, afetada pela doença de Parkinson, concluiu um processo de beatificação rápido, assim desejado pela Santa Sé "por causa da imponente fama de santidade, gozada por João Paulo II em vida, na morte e após a morte".
Um processo rápido, mas não tanto como o pedido por alguns fiéis, que empunhavam cartazes e lançavam gritos de "Santo Subito" (Santo já) no funeral do papa polaco, em 8 de abril de 2005.
Compete agora aos responsáveis pelo processo de canonização encontrar outra cura que possa ser considerada inexplicável, à luz da ciência atual, completa e duradoura.
Para quaisquer destas fases, os acontecimentos extraordinários atribuídos à intercessão de João Paulo II, ainda em vida, não têm validade.
Num site criado pela diocese de Roma (www.karol-wojtyla.org), estão recolhidos, por outro lado, testemunhos de curas milagrosas atribuídas à intercessão de Wojtyla depois de sua morte.
Centenas de pessoas apresentam testemunhos sobre a forma como João Paulo II terá mudado ou mesmo salvo a sua vida.
Esta análise envolve uma equipa de várias dezenas de médicos, alguns dos quais não são católicos, teólogos e outros consultores da Santa Sé.
O caso da cura da freira francesa Marie Simon-Pierre, que abriu caminho definitivo à beatificação de João Paulo II, foi estudado entre 2005 e janeiro deste ano."
Ver aqui.
"Milagre de cura" de Parkinson? O que teve de milagroso? Qual foi a acção divina para a senhora se sentir melhor da sua condição? Qual foi a "cura"? Qual foi o mecanismo? A acção do divino? Não, foi a "imponente fama de santidade".
Parece um sketch humorístico. A sério!
E agora procuram-se milagres. Para a canonização fast track, um santo micro-ondas. Não "subito", mas quase.
É esta a contribuição do Vaticano para o progresso civilizacional e de desenvolvimento da racionalidade e da procura da verdade, científica, filosófica, lógica. O apelo ao obscurantismo, à irracionalidade da crença em "milagres" e dos interesses de de se manterem relevantes à custa de manter o "rebanho" alinhado e fascinado com "curas milagrosas".
E já agora, se os “milagres” de Fátima aconteceram em 1917 (sendo que o sol se ter movido no céu não pode ter acontecido realmente, e como tal não se pode qualificar como tal), quanto tempo mais será necessário para acontecer mais um “milagre” que prove a santidade dos pastorinhos? Outros 90 anos?
Terra, século 21.