No que tem sido a lovefeast das últimas horas quando
Ratzinger disse que ia deixar de ser o líder espiritual máximo dos católicos
(as reacções histéricas têm sido hilariantes, com “especialistas, analistas,
comentadores” a aparecerem em tudo o que é noticiários e imprensa escrita) fica
uma parte importante que não está a ser discutida coma frequência com que está a ser discutida a “coragem”
e a “visão” do senhor dos sapatos Prada.
"Este papa teve uma grande oportunidade para enfrentar
décadas de abusos na Igreja Católica. Prometeu muitas coisas, mas acabou por
não fazer nada", disse à AFP John Kelly, do grupo Survivors of Child Abuse
(Sobreviventes de Abuso Infantil), uma das associações que representam as
crianças vítimas de violência física, sexual e moral.”
Exacto. Aquilo que fez foi protelar, proteger, boicotar.
Enquanto presidente da Congregação para a Doutrina da Fé tudo fez para que os
casos se fossem acumulando num arquivo interno, nunca denunciando os casos às
forças da ordem e da Lei seculares e mesmo quando papa, quis dizer muitas vezes
a quão arrependida a igreja católica estava, mas nunca entregando ninguém à
justiça.
Mas agora só se fala da “obra” e da “palavra”, e do raio que
o parta.
Recuperando o nosso saudoso Christopher, há uma coisa boa
que vamos ter nos próximos meses que é a “sede vacante”. Ao menos durante esse
tempo não há ninguém que se possa arrogar a ser “infalível”.