February 14, 2013

Sobre "instruções" à imprensa

É engraçado ver como estas coisas são

O dr Mário Soares queixa-se que pode existir uma “censura” da imprensa quando se tratava de reportar “recados” do Sr. Ratzinger, chegando a perguntar-se se “(…) significa isto que estamos ao tempo de censura, quando os meios de comunicação social tinham instruções para saber do que deviam ou não falar...?".

Nestes últimos dias, bem temos visto as “instruções” sonre "sonegar" informação sobre a renuncia do Papa, ou sobre as opiniões dos religiosos sobre as despedidas do Sr. Ratzinger. Só o Diário de Notícias já vai nas 13 páginas em três dias sobre o tema, e sem uma única opinião sobre as acções menos positivas do "santo padre" sobre questões como preservativos, violação de crianças, escândalos financeiros, etc. A “infalibilidade” é uma coisa muito bonita.

Mas, com tantas “instruções” á imprensa, pode-se pensar que os ateístas teriam pelo menos um pequeno momento para lhes ser perguntada a opinião sobre o trabalho daquele que é um “líder espiritual de mil milões de pessoas”, onde muitas dessas pessoas gostam de mandar nos outros e algumas gostam de infringir a Lei.

Pelos vistos, não.

Num e-mail que enviei (está no final do post) ao Diário de Notícias, ao Provedor e Departamento de Notícias, onde expus a necessidade de haver (nem que seja um pequenino) contraditório… nem “um obrigado, mas não obrigado”, recebi.



Assim se mostra a as “instruções” que existem na imprensa Portuguesa.

O e-mail foi este

"Olá muito boa tarde
Bem sei que por estes dias toda a gente "tem" de falar do Sr. Ratzinger e da sua saída como Papa.
Mas realmente, e para quem se queixa (como o dr Mário Soares no vosso jornal) que a imprensa pode estar sob "ordens de censura" para “não falar sobre as coisas religiosas” deixo um pequeno (entre muitos que podia dar) exemplo.

O Diário de Notícias teve hoje na sua edição escrita, sete páginas com todas as coisas sobre a sua renuncia, efeitos e sucessão. Com mais uma coluna de opinião na última página.

Até aqui tudo bem.

Mas eu procurei, e procurei, e procurei. Opinião de um ateísta? De uma organização ateísta? De um “trovão” ateísta, se calhar?

Nada.

O que aparece é uma notícia absolutamente ridícula de umas meninas que puseram os peitos à mostra para festejar a “saída do papa”.

É pena que assim seja, e um contraditório a este "manto de piedade e admiração" que se observa em Portugal, quando o Sr. Ratzinger deixa para trás atitudes (ou falta delas) verdadeiramente preocupantes e contraproducentes.

Fica a opinião de um leitor vosso, que acontece ser ateísta.

Obrigado pela atenção"